quarta-feira, 29 de julho de 2009

Comparativo de juros (Taxa Selic x Taxa Bancária)

A redução na taxa básica de juros, a SELIC, é um dos instrumentos de políticas monetárias que o governo dispõe para alavancar a economia nacional. No Brasil no entanto, essa prática tem surtido pouco efeito, pois a taxa selic é apenas uma referência, estando bastante distante das taxas de juros da “economia real”.
São os empréstimos e financiamentos feitos pelas pessoas físicas e jurídicas através dos bancos e das empresas (financeiras ou não-financeiras) que colocam dinheiro no mercado fazendo a economia do país crescer e gera mais emprego e renda. Com o custo do dinheiro alto, as empresas e pessoas físicas ficam temerosas em contrair dívidas para fazer novos investimentos e/ou comprar bens de consumo durável.
Desde dezembro/08, o Copom (Comitê de política monetária) reduziu a taxa selic de 13,75% para os atuais 8,75%, ou seja, redução de 5 pontos percentuais ou 36,36% de queda real.
Por outro lado as taxas de juros da economia real continuam na estratosfera, o abominável spread bancário, diferença entre a taxa de juros que as instituições financeiras pagam na captação do dinheiro e a que cobram dos clientes, vem caindo em ritmo bem mais lento que o juro básico da economia (Selic). Segundo dados do Banco Central (BC), o spread médio praticado pelos bancos caiu de 30,5% em janeiro para 27,2% em junho, ou seja, redução de 3,3% pontos percentuais, ou 10,82%. A diferença entre a redução da selic e a redução dos juros bancários no período de dezembro/09 a julho/09 é de 1,7 pontos percentuais ou 34%, é sso mesmo, mais de 1/3. Pergunta-se: Isso se deve à inadimplência, que ainda está em ascensão? Ou os bancos aproveitam que o produto que vendem (dinheiro) está escasso para cobrar mais caro.?
O debate sobre spread bancário não é novo no Brasil, mas tende a crescer por causa da queda da Selic para níveis historicamente baixos. Uma simulação feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) indica, por exemplo, que o juro médio cobrado no comércio fica em 106% ao ano com a Selic atual, de 8,75%. Ou seja, o financiamento equivale a mais de 12 vezes a taxa básica do País.
Segundo estudos internacionais (um deles do Fundo Monetário Internacional), o spread no Brasil é o mais alto do mundo. Os bancos atribuem essa situação a uma série de fatores: inadimplência mais elevada do que em outros países, impostos na intermediação financeira, depósitos compulsórios e despesas administrativas. O governo, por sua vez , avalia que o que falta é concorrência no setor.
Os dados da taxa de inadimplência do mês de julho/09, desmente com veemência as argumentações dos bancos. Na média do crédito livre, a inadimplência cresceu pelo sétimo mês seguido passando, no entanto, de 5,5% para 5,7% (parcelas de empréstimos com atraso superiores a 90 dias). Com esse, pequeno aumento, de apenas 0,2%, a inadimplência do crédito livre retoma o nível recorde da série histórica, que havia sido observado em setembro de 2000. O aumento da inadimplência foi liderado em junho pelas operações destinadas às empresas. Nesse segmento, a taxa subiu de 3,2% em maio para 3,4% em junho. Entre as pessoas físicas, o porcentual seguiu estável em 8,6%. Ou seja, não se justifica a diferença de 27,20% (taxa cobrada pelos bancos) para a taxa de re-empréstimo (8,75%) que é a Selic.
Em junho/09 temos as seguintes taxas de juros médias: cheque especial em 139,24%, ao passo que os do cartão de crédito chega a 237,93%, crédito direto ao consumidor 38,96%, empréstimos pessoal 85,84%, a taxa média de empréstimos das financeiras 256,33%, desconto de duplicatas 50,57%, descontos de cheques 52,14%, capital de giro 53,43% e por fim, cheque especial pessoa jurídica 79,29%.
Mesmo com todas as pressões feitas pela Sr. Lula da Silva, as taxas do Bancão do Brasil e da Caixa Econômica continuam no mesmo patamar dos demais bancos privados, assim não há concorrência certa. Como disse no inicio, o objetivo do governo com os corte dos juros básicos, é que os bancos façam o mesmo para os consumidores e empresas, afim de estimular o consumo, diante da desaceleração do ritmo de atividade que dominou a economia desde o fim do ano passado, provocada pela crise financeira internacional. Porém o que ocorre é que dos dez bancos pesquisados pela Fundação Procon-SP, oito reduziram os juros do empréstimo pessoal e dois mantiveram as taxas no mês passado. Na lista das instituições que cortaram os juros neste mês estão os bancos Safra, Nossa Caixa, Santander, Real, Itaú, Bradesco, HSBC e o próprio Banco do Brasil (BB).
No empréstimo pessoal, o maior corte da taxa foi efetuado pelo banco Safra, de 1 ponto percentual, de 6,90% para 5,90% ao mês, seguido por Nossa Caixa, com redução de 0,32 ponto., de 4,90% para 4,58%. BB, que tem sido pressionado pelo governo para reduzir as taxas, alterou de 4,60% para 4,58%, decréscimo de 0,02 ponto percentual ante abril. A Caixa, outro banco público federal, manteve as taxas de crédito pessoal. No o cheque especial, a maior redução foi da Nossa Caixa, de 8,80% para 7,82%. Apesar do corte nos juros médios do empréstimo pessoal e do cheque especial, a Fundação Procon-SP, pondera ainda que as taxas ao consumidor ainda são altas.
Ainda sobre o Banco do Brasil, como já comentado, a queda dos juros no empréstimo pessoal foi irrisória. A taxa estava em 4,60% ao mês em abril e caiu para 4,58% em maio. A redução de 0,02 ponto porcentual só perde para o corte feito pelo HSBC, que foi de 0,01 ponto porcentual no mesmo período. Mas, no caso do cheque especial, o BB está entre os três bancos que não cortaram os juros no mês de maio
Veja abaixo um quadro comparativo elaborado pelo Eng. Eng. Pedro P. Kudlinski (MBA)
OS BANCOS COMPRAM (Taxa Básica) CADA R$ 100,00 DO DINHEIRO ALHEIO POR R$ 8,75 POR ANO E O VENDEM (Taxa de Financiamento) por R$ 80,00 (5% ao mês no mínimo). Lucro de 814% no ano para o sistema financeiro sem muito trabalho, prática que nem exige tanta habilidade do segmento produtivo da economia. Exclusive todos os demais aumentos nas margens de lucro a exemplo das tarifas bancárias, taxas de administração, também de fundos de investimentos, etc., etc.. O SISTEMA FINANCEIRO PRIVADO BRASILEIRO - o mais lucrativo de todo o universo -, PRECISA DE UMA PROFUNDA E RADICAL REFORMA, antes de quaisquer outras. PRINCIPIANDO PELO BANCO CENTRAL DO BRASIL. Desde 1995, os bancos não páram de bater e superar todos os recordes em lucratividade. Desde 1995, temos tido os menores ou os piores crescimentos da economia mundial. COINCIDÊNCIA OU PURA LÓGICA? Não fosse a mudança de metodologia (sic)do PIB estaríamos amargando recessões de 4% a 5% ao ano.
Pelo jeito teremos que continuar rezando e muito para o salário reder até o final do mês, pois se precisarmos de empréstimo...como bem disse o nosso presidente, vamos todos “sifu”...

Fontes Bibliográficas:
Jornal O Estado de São Paulo de 22 de maio de 2009, & 27 de julho de 2009;
Jornal Valor Econômico de 22 de maio de 2009, & 24 de julho de 2009;
Jornal Folha de São Paulo de 22 de maio de 2009.

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