quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Ponto de Vista - Eleições 2010

As Eleições 2010 revelaram surpresas e muitos erros de estratégias, pelo menos em minha modesta opinião.
Começando pela Bahia, o DEM a meu ver errou feio com a decisão de lançar José Ronaldo e Carlos Aleluia para o Senado, o partido já havia perdido alguns bons nomes para outras legendas depois da morte do seu líder maior, ACM. A disputa pelo governo com Jaques Wagner se mostrava claramente perdida, então a estratégia mais sábia era concentrar forças na assembléia elegendo o maior número possível de candidatos, e isso seria totalmente factível com bons puxadores de votos. Com José Ronaldo, Aleluia e própria ACM Neto, sem dúvida o DEM teria feito no mínimo 10 a 12 deputados ao invés dos 06.
Paulo Souto saiu derrotadíssimo dessa disputa, pela primeira vez não conseguiu nem atingir a marca dos 25% dos eleitores “certos” do DEM, mais alguns dias de campanha e talvez Gedel o tivesse ultrapassado. Mas o pior desempenho nas urnas baianas foi sem dúvida o de Cesar Borges, marcando sempre 30% a 33% pontos nas pesquisas para o senado, não atingiu 14%, os institutos erraram feio, e o senador que pousava antes das eleições como “a noiva da vez”, disputado por PT (Wagner), PMDB e DEM, foi um fiasco na votação, agora se lhe resta disputar a prefeitura de Jequié e tentar voltar ao cenário nacional com Deputado Federal em 2014, e olhe lá.
Feira de Santana foi à cidade mais derrotada e/ou prejudicada nessas eleições. Perdeu dois nomes importantes, deputados apontados como “nota 10” pelo portal transparência Brasil – Sérgio Carneiro e Colber Martins, esse último, aliás, tinha acabado de conseguiu através de emenda parlamentar verbas no valor de mais de 2 milhões para saneamento urbano em Feira. A cidade também ficou sem José Ronaldo, que estaria assegurado na Câmara, mas, ao tentar o senado não teve êxito, a despeito de uma votação que surpreendeu a muitos, mais de 1 milhão de votos, 71,77% dos eleitores de Feira de Santana, que efetivamente compareceram as urnas, votaram em José Ronaldo, inclusive eu.
Minha cidade natal Bom Jesus da Lapa, também amadureceu e saiu ganhando politicamente, um deputado federal, Artur Maia pelo PMDB, com uma excelente votação, mais de 74 mil votos, ultrapassando nomes do peso do partido com Colber e um deputado estadual Eures Ribeiro pelo PV, com pouco mais de 25 mil votos.
O PT ficou extremamente fortalecido, Wagner tem maioria na bancada estadual e federal, além de três senadores aliados. No plano federal, como a vitória de Dilma, estar com toda moral uma vez que a Bahia deu 70,76% dos votos para a Petista e já fala abertamente em indicar um ministro. É certo também que com a cara virada de João Henrique para Gedel e vice-versa, o PT caminha a passos largos para ganhar a prefeitura de Salvador em 2012. Nomes não faltam: Pelegrino, Pinheiro, Lídice entre outros. A oposição pode ir de Imbassay, Aleluia ou ACM Neto, parada quase impossível para qualquer um deles. E Wagner, com a chancela de Lula já vai começar a preparar o nome de Sérgio Gabrielli para sua sucessão a governo da Bahia em 2014. Ao que tudo indica Grabrielli ficará na presidência da Petrobrás até 2012, depois assume uma secretária de peso no governo da Bahia.
Apesar da derrota do tucano José Serra, o também tucano Aécio Neves saiu extremamente vitorioso das urnas, o bom mineiro fez o sucessor, se elegeu com folga para o senado e ainda arrastou Itamar Franco. Aécio se apresenta como a nova força tucana e oposicionista, tirando o partido do domínio paulista.
Lula e sua máquina administrativa e eleitoreira funcionaram a pleno vapor, sua candidata foi lançada desde o ano passada, a margem da Lei eleitoral, que ele, aliás, cansou de desrespeitar. Dilma estava em campanha aberta desde o início de 2009 enquanto José Serra teimava em desconversar e os tucanos e Democratas ficavam em dúvida se seria Serra ou Aécio, quem seria o Vice e etc. Depois uma sucessão de erros, desde a escolha do Vice, até as abordagens em plena campanha elogiando Lula “o criador” e criticando Dilma “sua criatura”, o apelido de Zé, que Fernando Henrique criticou e por ai vai. O PT de Lula já era forte e tinha a máquina, o PSDB e DEM deram o que faltava, erros e mais erros, trapalhadas e mais trapalhadas.
Apesar da candidata do PT Dilma Rousseff ter vencido as eleições com 56,05%, dos votos válidos, a oposição com todos os erros, mostrou sua força, não só venceu em estados importantes como diminui a diferença de 21 milhões (as duas passadas) para 12 milhões. Além disso, a oposição PSDB e DEM vai governar em 11 estados que ganharam (aqui se inclui Mato Grosso do Sul, aonde o governador eleito André Puccinelli-PMDB apoio Serra, os demais são: Alagoas, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins), juntos representam 53% dos eleitores, ou 101,4 milhões. Os partidos do Governo PT, PMDB, PSB e PMN, vão governar 15 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia e Sergipe, além do Distrito Federal), juntos totalizam 47% do eleitorado brasileiro ou 88,9 milhões.
O governo fez maioria absoluta tanto na câmara como no senado, é claro que a manutenção dessa maioria implicará negociações complicadíssimas e seções de cargos e favores diversos. Lula sai da presidência com a mais alta popularidade que um governante brasileiro já alcançou. Dilma tem pela frente um parlamento bastante renovado, com palhaço, artistas e jogadores de futebol. Mas tem também os velhos caciques (Sarney, Rennar e Cia Ltda), em fevereiro começa a disputa pelas vagas de presidente da câmara e senado, e ai sim o jogo político começa para valer. A nova presidenta tem cara e jeito de durona e trabalhadora vamos ver se saberá negociar e acalmar o feroz apetite dos partidos – com destaque notório para o PMDB – por cargos e regalias e tocar as reformas que o País tanto necessita sem deixar que escândalos e corrupção assolem o seu governo.